inovação, investe em processos e parcerias e, assim,
melhora sua posição no estudo.
Por Gustavo Briggato, Information Week, Outubro de 2008.
A TI que educa
A escolaridade da população brasileira vem aumentando significativamente, mas ainda falta muito para que seja um problema resolvido no País. Os dados do IBGE mostram, por exemplo, que a parcela de pessoas de 15 a 64 anos com no máximo quatro anos de estudo caiu de 37,9% para 33,6% entre 2002 e 2005, enquanto que a proporção daqueles que completaram o ensino médio ou superior subiu de 35,5% para 40,8% no mesmo período. No entanto, este aumento da escolaridade ainda não garante resultados positivos em termos de analfabetismo funcional: em 2007, ele ainda chegava a 32% da população. E, mesmo tendo apresentado o maior avanço no Índice de Oportunidades Humanas (IOH) do Banco Mundial entre 1995 e 2005, o Brasil está abaixo da média da América Latina na oferta de educação às crianças, por exemplo. “Há uma demanda muito forte por educação de qualidade. Só nas escolas da Fundação Bradesco existe uma fila de 300 mil pessoas querendo estudar”, relata Nivaldo Marcusso, diretor de tecnologia e inovação da entidade mantida pelo Banco Bradesco, que atua nos níveis fundamental e médio, incluindo as modalidades técnico e escolarização de jovens e adultos.
Instrumento fundamental, a TI proporcionou um salto no número de pessoas atendidas pela Fundação desde que ela adotou o e-learning. Além dos 110 mil alunos que freqüentam as 40 escolas da Fundação, outros 300 mil acessam os conteúdos do portal escolavirtual.org.br e há uma centena de centros de Inclusão Digital mantidos em parceria com diversas entidades, que oferecem acesso à tecnologia à população carente. “Quando trazemos inovação, ela tem de apresentar resultados. No curto prazo, precisa melhorar os processos da Fundação. No médio e longo, visa à criação de um modelo de negócio, como foi o e-learning.” Por conta dessa visão, a Fundação conquistou pela segunda vez o primeiro lugar na categoria de serviços de As 100+ Inovadoras e, nesta edição, entrou na lista dos dez primeiros classificados.
Neste intervalo, afirma Marcusso, houve uma consolidação no processode inovação dentro da Fundação, com a criação de um white book, onde estão definidas todas as etapas para a avaliação de uma tecnologia, desde a sua prospecção até a implementação do piloto, independente de sua aplicação no curto prazo ou não. “Isso nos ajuda a gerar cases, com o objetivo de melhorar os resultados e atingir as metas estabelecidas. Também queremos gerar relatórios, para registrar os resultados no intuito de disseminar o conhecimento gerado no Bradesco Instituto de Tecnologia (BIT)”, explica o CIO.
Tudo documentado
Para elaborar o “manual de inovação”,foi composto um comitê envolvendo as áreas pedagógica e de tecnologia e a diretoria da Fundação Bradesco. O processo teve início no fim de 2007 e a primeira versão (1.0) foi disponibilizada em junho deste ano. Em setembro, entrou no ar a 2.0. “A inovação não pode ser muito diferente da operação. Por isso, a atualização da versão contemplou um detalhamento maior nas etapas do processo e suas métricas e controles”, expõe Marcusso. O desempenho das atividades da TI da Fundação Bradesco é acompanhado por indicadores de balanced scorecard (BSC).
Quando o processo estiver totalmente implementado, em 2009, o objetivo é gerar entre seis e oito relatórios por ano. Outro ponto trabalhado entre 2007 e 2008 foi a implantação de escritórios de projetos, de processos e de estratégia, este último dividido em gestão do conhecimento e inteligência competitiva. “Minhas metas vão até 2012, mas, no curto prazo, preciso aperfeiçoar os processos, melhorar meus transacionais, montar meu dashboard e extrair as informações por meio da nossa ferramenta de BI.” Para este processo, está sendo buscada no mercado uma ferramenta de BPM e ainda a certificação de profissionais em Itil 3.0. Enquanto ajusta seus processos, a Fundação consolida o uso de ferramentas de colaboração (como bloge wiki), conferência IP, roll out da nova versão de seu portal interno (educacao.org.br) e está expandindo suas parcerias com países que se aprofundam no uso da tecnologia na educação – são mais de 15 hoje. Entre eles está a Coréia, de onde veio a idéia de um projeto de uso de iluminação LED para salas de aula. “Isto ofereceria uma economia de 60% no consumo de energia. Com 540 salas de aula, isto representa um impacto razoável”, analisa.
Também se pode usar a tecnologia para melhorar o aprendizado – segundo estudos coreanos, determinadas cores auxiliam o processo em determinados conteúdos. Os planos de Nivaldo Marcusso vislumbram ainda o teste de RFID para controle dos alunos. Nas contas do diretor, poderia haver uma redução de até 30% no trabalho da secretaria da escola, por não precisar de um back office de acompanhamento do aluno. A informação seria em tempo real e online. O projeto piloto está em curso com a IBM e a Intel, com previsão de lançamento da prova de conceito a partir de outubro de 2008. “Vemos a escola, daqui pra frente, como um ambiente de mobilidade e de colaboração, que você aprende em qualquer lugar. Para isto, temos de saber onde está o aluno.” A meta da Fundação é se transformar em um grande hub multiplicador das melhores práticas em educação não apenas do ponto de vista pedagógico, como também da tecnologia.
Em 2009, os objetivos incluem levar para as escolas públicas de todo o País o que é desenvolvido no Bradesco Instituto de Tecnologia. “Mas esse não é um movimento só da Fundação, precisamos de uma rede de colaboração e de parcerias com empresas e prefeituras”, finaliza. Desta forma, a TI está servindo de munição para as palavras do líder sul-africano Nelson Mandela: a educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo.
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